terça-feira, 7 de abril de 2020

DOIS ERROS NÃO FAZEM UM ACERTO


A matemática ensina que aplicar dois sinais negativos a um termo de uma equação equivale a um sinal positivo. Os dois sinais negativos se anulam mutuamente e acabam produzindo um valor positivo. E muita gente tenta usar esse conceito na vida: Essas pessoas pensam que dois erros cometidos em sucessão, quando o segundo erro busca corrigir o primeiro, podem gerar um acerto. Mas não podem.
Na verdade, dois erros costumam gerar um problema maior do que o erro inicial, pois o segundo erro pode potencializar as consequências negativas do primeiro. E há exemplos fortes desse tipo de situação em todos os campos da vida.
Há muitos relatos aqui no site de pessoas que se casaram, sem querer fazer isso, apenas para corrigir uma gravidez indesejada. O primeiro erro foi a gravidez indesejada e segundo, cometido para corrigir o primeiro, foi um casamento feito em bases frágeis. E o casal acaba descobrindo, com o passar do tempo, que entrou numa relação profundamente infeliz e acaba pagando um preço muito alto para manter essa relação viva.
Melhor teria sido que os jovens pais tivessem assumido a criança e encontrado uma forma de colaborar para seu sustento e educação. É claro que quando os pais têm certeza e maturidade suficientes para assumir o casamento, essa é a solução ideal. Mas, quando essas condições não existem, o casamento apressado vira um problema ainda maior, que somente vai piorar as coisas.
Outro exemplo bem comum: a pessoa mente para esconder alguma verdade incômoda. Por exemplo, o homem está traindo sua esposa e mente para justificar seu atraso para chegar em casa, alegando que estava trabalhando. Aí, num segundo momento, para consolidar a primeira mentira, esse homem comete o segundo erro: pede a um colega de trabalho que confirme a mentira dele para a esposa. E coloca o colega de trabalho numa situação difícil. Esse segundo erro traz o problema para dentro do seu ambiente profissional, colocando em risco o próprio emprego - eu já vi gente ser demitida por causa disso.   

A política brasileira também gera muitos exemplos desse tipo de situação. O governo federal periodicamente passa pela necessidade de enfrentar o deficit crescente das contas públicas, problema gerado porque ele gasta mal e além do que deveria. Aí, ao invés de fazer um corte ordenado dos gastos e procurar melhorar a gestão do orçamento, tradicionalmente o governo federal tenta tapar o buraco fiscal (o primeiro erro), fazendo um erro novo: cria novos impostos para tentar conseguir arrecadar mais. 

Ora, novos impostos tiram dinheiro da mão das pessoas e das empresas e o joga no colo do governo, que não sabe gastá-lo bem. E como o aumento da arrecadação equilibra a situação por um tempo, o governo acaba sem incentivo para melhorar. Pior ainda, o aumento da carga de impostos reduz a atividade econômica do país e o governo acaba arrecadando menos em impostos, o que contribui para o aumento do rombo. Por causa disso, nos últimos 25 anos, a carga de impostos no Brasil cresceu 50% e o governo continua com um deficit terrível e os serviços públicos seguem cada vez pior.  
A Bíblia também traz inúmeros exemplos de como dois erros não fazem um acerto. Um desses casos aconteceu com o rei Davi. Ele adulterou e engravidou Bate-Seba, esposa do seu capitão da guarda, Urias. Esse foi o primeiro erro. Davi tentou esconder o mal-feito, procurando fazer com que Urias pensasse ser o pai da criança. Mas como isso não se mostrou viável, Davi mandou matar Urias e casou-se com a viúva. Esse foi o segundo erro.
Davi pensou que o segundo erro iria evitar um terrível escândalo, causado pelo primeiro erro (o adultério). E os resultados foram desastrosos: o escândalo estourou da mesma forma e Davi foi severamente punido por Deus. Teria sido muito melhor que Davi tivesse se arrependido e assumido o primeiro erro, enfrentando suas consequências e não teria a morte de um inocente nas suas costas. 

Esse tipo de situação costuma ser comum nas igrejas. Por exemplo, há pastores/as que não têm suficiente conhecimento teológico e preparo para enfrentar os desafios do mundo atual, especialmente para discutir as dúvidas trazidas pelos jovens. E ficam inseguros. É claro que os pastores/as deveriam ser suficientemente preparados e a há aí, portanto, um erro.

Como ficam inseguros ao lidar com questionamentos, esses/as pastores/as tentam corrigir a situação cometendo um segundo erro: cortam toda a possibilidade de debate nas suas igrejas e passam a atuar como pequenos/as ditadores/as. Tentam corrigir sua falta de preparo teológico com o controle excessivo, erro ainda pior. E acabam alienando muita gente, especialmente os mais jovens.
A Bíblia ensina que os erros devem ser reconhecidos e a pessoa precisa fazer esforços para superá-los, passando a agir da forma certa. Qualquer outra atitude somente torna as coisas ainda piores. Portanto, a resposta para um erro é seu reconhecimento, o arrependimento e o esforço para mudar de vida. Qualquer coisa que vá além disso, acaba tornando as coisas piores.
Reconhecer o próprio erro, mesmo em situações potencialmente embaraçosas, é um enorme desafio. Frequentemente, a solução mais fácil parece ser cometer um novo erro. Parece ser, por exemplo, mais fácil mentir uma segunda vez para esconder uma mentira anterior. Mas dois erros nunca fazem um acerto.  

Mas não é possível viver uma vida cristã plena sem conseguir superar esse tipo de desafio. 

Com carinho 

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