quarta-feira, 3 de junho de 2015

VOCÊ DEVE CONFESSAR SUAS FRAQUEZAS?

Você às vezes se expõe demais”. Foi isso que um amigo me falou certa vez, referindo-se a algumas confissões pessoais que faço aqui no blog, quando dou exemplo das minhas próprias dificuldades na caminhada cristã. 

Esse diálogo me levou a refletir sobre a questão da transparência na vida espiritual. Devemos falar para quem nos rodeia sobre nossas fraquezas e dificuldades? A resposta é: sim.

E essa resposta está baseado no que o apóstolo Paulo falou em Romanos capítulo 7, versículo 19: "Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço". Você consegue imaginar um politico ou líder religioso importante se expondo dessa forma? Mas se o apóstolo Paulo agiu assim, esse é o exemplo que devo seguir. E você também. 

Em outras palavras, é preciso ser transparente e sincero sobre as próprias dificuldades espirituais. E a Bíblia dá um grande exemplo de transparência: não esconde os pecados e as dificuldades mesmo dos(as) heróis(heroínas) da fé. Por exemplo, a Bíblia conta que Abraão vendeu sua mulher para o faraó do Egito (e auferiu um belo lucro), os irmãos de José o venderam como escravo, Jacó mentia bastante, Moisés teve medo, Pedro traiu Jesus e Paulo brigou com Barnabé por uma bobagem. 

A vantagem da transparência 
Há grandes vantagens em ser transparente sobre as próprias dificuldades. Vejamos algumas delas:

1)  Diminui o esforço 
As expectativas crescem em proporção ao "brilho" da imagem da pessoa. Quanto mais "brilhante" for essa imagem, maior as expectativas dos que estiverem em torno. E maior será o esforço necessário para conseguir preservá-la.

Tentar manter uma imagem positiva a qualquer custo cobra preço muito alto. Basta lembrar o sofrimento, que chega a ser dramático, das artistas lindas e charmosas, depois que passam dos 35 anos, quando se sentem ameaçadas por mulheres mais jovens. Algumas tentam resolver o problema se escondendo (p. ex. Greta Garbo), outras fazem questão de mostrar o estrago do tempo (Cassia Kiss), mas a esmagadora maioria sofre muito, ao lutar uma batalha que não vão conseguir vencer.

Vale lembrar também o exemplo de alguns líderes religiosos que tentam aparentar viver uma vida sem pecados e acabam falhando fragorosamente. Admitir de público a própria fraqueza, como fez o apóstolo Paulo, tira dos ombros da pessoa uma enorme carga.

E a experiência mostra que as pessoas estão em torno aceitam bem uma confissão de fraqueza e até se identificam melhor com quem se mostra, digamos assim, humano. Sei disso por experiência própria. 

2)  Elimina a hipocrisia
Uma passagem na Bíblia demonstra muito bem a dificuldade de lutar contra a hipocrisia. O impacto da presença de Deus em Moisés foi tão grande que o rosto do profeta passou a brilhar, como reflexo da glória divina. E para não atrapalhar seu contato com as pessoas (que ficavam impressionadas com esse brilho), Moisés passou a usar um véu. Com o tempo, o brilho desapareceu, mas Moisés continuou a usar o véu para que as pessoas achassem que continuava lá, pois isso o fazia mais importante aos olhos das demais pessoas.

Ora, se isso aconteceu com Moisés, um homem que falava com Deus face a face, imagina quem, como nós, tem desenvolvimento espiritual menor.

A hipocrisia é um perigo que sempre nos ronda. E a "luz do sol" - a transparência - talvez seja o único remédio efetivo contra ela. 

3)  Reduz o auto-engano
Frequentemente as pessoas não são transparentes nem consigo mesmas. Negam ou minimizam as próprias falhas e acabam por encontrar todo tipo de justificativa para fazer isso. E repetem essas justificativas tantas vezes que acabam acreditando nelas - isto é, enganam a si mesmas.

Há quem chegue até a assumir um “pecado de estimação”, sobre o qual adoram falar, para desviar o foco do(s) pecado(s) que quer(em) de fato esconder. 

Lembro de uma pessoa que chegava sempre atrasada nas atividades da nossa igreja. E falava da sua luta para conseguir se manter no horário e até pedia orações para superar essa dificuldade. Um dia me dei conta que aquela pessoa não tinha chegado atrasada no próprio casamento, quando fez vestibular, nem nas suas atividades profissionais: o problema só aparecia em relação à igreja. Na verdade, o problema real era outro: falta de comprometimento com as coisas de Deus.

Transparência real quanto às próprias dificuldades é um excelente remédio contra o auto-engano. Contra a possibilidade de continuar a fazer o que é errado, mas se mantendo numa situação de conforto. De satisfação consigo mesmo(a).

Como confessar
A confissão é uma recomendação de Tiago, irmão de Jesus (capítulo 5, versículo 16). Isso significa que as pessoas não são obrigadas a confessar apenas para sacerdotes (padres ou pastores). Podem fazer isso para qualquer outra pessoa - um(a) amigo(a), um(a) professor(a), a mãe, o pai, um(a) irmão(irmã). 

Pode ter certeza que lhe fará bem confessar em voz alta suas dificuldades - ajudará você reconhecê-las e a encontrar meios e modos de lidar melhor com elas. Agora, tome dois cuidados. 

Primeiro, escolha a pessoa certa como confessor(a), pois nem todo mundo é confiável. Já vi pessoas divulgarem aquilo que ouviram em confiança, acabando por destruir a imagem de quem confiou nelas.

Depois, cuidado para não cair no extremo oposto: tentar ter transparência demais. Algumas pessoas se sentem tão bem em falar de si, que acabam se tornando inconvenientes, confessando a qualquer hora e em em qualquer lugar. E acabam revelando detalhes embaraçosos da sua vida que são desnecessários ou expõem desnecessariamente a intimidade  de outras pessoas envolvidas - como, por exemplo, quando a esposa fala abertamente da sua vida sexual.  

No caso da transparência, como em tanto outros, a virtude está numa posição equilibrada. Transparência de menos faz mal, mas em excesso, também gera muitos problemas.

Com carinho

4 comentários:

  1. gostei muito,vou divulgar para mais pessoas, serviu muito para mim

    ResponderExcluir
  2. Obrigada, Vinicius! Você me ajuda muito garoto! Deus abençoe!!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado pelas suas palavras. Mas aos 64 anos, longe de ser um garoto... rsrsrsrs

      Excluir
  3. Pode soar meio burro mas, este é um re-post?

    ResponderExcluir