quinta-feira, 26 de setembro de 2019

AS PARÁBOLAS DO REINO DE DEUS

Você já ouviu falar das parábolas do reino de Deus? Jesus usou muitas parábolas – pequenas estórias que simbolizam determinadas verdades. E as parábolas de Jesus cobrem os mais diversos assuntos e variam muito no tamanho e complexidade.

Ele falava sobre o mesmo tema em diferentes momentos e lugares, contando parábolas diferentes. Por causa disso, as suas parábolas podem ser agrupadas por assunto -  por exemplo, salvação e reino de deus. Assim, a melhor forma de estudar as parábolas contadas por Jesus é escolher um assunto e ver quais delas tratam desse tema. E uma  parábola vai ajudar a explicar e iluminar a outra.

O reino de Deus foi um dos assuntos preferidos de Jesus. E o que é isso? Esse reino é todo local e/ou circunstância onde a vontade de Deus é feita. Simples assim. E isso está bem claro na oração do Pai Nosso, onde Jesus nos ensinou a pedir: “...venha a nós o teu Reino e seja feita sua vontade assim na terra como nos céus...” (Mateus capítulo 6, versículo 10). Em outras palavras, Jesus devemos pedir que o reino de Deus se faça presente nas nossas vidas, e quando isso acontecer, a vontade divina será feita aqui na terra da mesma forma como já é feita nos céus.

A Bíblia relata no livro de Atos dos Apóstolos (capítulo 2) a chegada do reino de Deus, quando da descida do Espírito Santo durante a festa de Pentecoste, evento que também marcou o início da igreja cristã. Assim, é possível dizer que a história da igreja também relata a implantação do reino de Deus na terra.

Há pelo menos oito parábolas de Jesus sobre o reino de Deus:
  • A da semente, contada aos discípulos (Marcos capítulo 4, versículos 26 a 29).
  • A do semeador, contada a uma multidão (Mateus capítulo 13, versículos 3 a 9).
  • A do joio e o trigo, contada a uma multidão (Mateus capítulo 13, versículos 24 a 30).
  • A da rede, contada aos discípulos (Mateus capítulo 13, versículos 47 a 50).
  • A do grão de mostarda, contada a uma multidão (Mateus capítulo 13, versículos 31 e 32).
  • A do fermento, contada a uma multidão (Mateus capítulo 13, versículo 33).
  • A do juiz iníquo, contada aos fariseus (Lucas capítulo 18, versículos 2 a 8).
  • A do amigo que pede ajuda, contada aos discípulos (Lucas capítulo 11, versículos 5 a 10).
Nessas parábolas, Jesus deixou claro que embora o reino de Deus tenha chegado e venha frutificando ao longo da história humana, somente vai alcançar sua plenitude no final dos tempos, depois do julgamento final, quando todos os salvos estarão enfim reunidos. Por isso várias parábolas desse grupo temático apontam para o juízo final. Vamos com mais detalhe o que cada uma delas diz:

1. A definição do reino de Deus (parábola da semente)
Jesus usou uma imagem rural – o agricultor que lança uma semente na terra e espera o crescimento da planta – para descrever como é o reino de Deus. A semente é a Palavra, logo o semeador é aquele que prega o Evangelho de Jesus.

O crescimento da planta é desenvolvimento da fé nos corações das pessoas, gerando crescimento do reino aqui na terra. A colheita tanto é o resultado que essas pessoas convertidas geram na sociedade onde vivem, fruto das suas boas obras, como também o resultado a ser obtido por Deus no final dos tempos.

E ao agricultor, uma vez feita a semeadura, só resta aguardar as plantas germinarem. Isso quer dizer que o pregador deve passar a mensagem para as pessoas, mas a conversão não é obra dele e sim do Espírito Santo.
Jesus contou essa parábola porque seus discípulos lhe cobravam ação mais concreta porque abraçavam a ideia errada que o Messias seria como Moisés, e iria libertar fisicamente o povo judeu da opressão do Império Romano. Ora, Jesus veio sim libertar seu povo, mas da escravidão do pecado, pois seu reino era espiritual e não material.

Essa parábola procura passar confiança: o resultado final (a colheita) virá, sem dúvida, uma vez que a semeadura tenha sido feita. Pois tudo sempre irá ocorrer de acordo com os planos de Deus. 

2.  A chegada do reino (parábola do semeador)
As técnicas usadas para semear hoje em dia são muito diferentes (e mais eficazes) do que as de 2.000 anos atrás. Hoje, o agricultor estuda previamente o solo onde vai plantar para ver onde as sementes devem ser jogadas. Mas, na época de Jesus, o semeador saia a semear e jogava as sementes por onde ia passando.

Assim, elas caiam em todo tipo de solo. E quando caiam em solo ruim, as plantas não germinavam ou logo morriam, já quando eram lançadas em solo bom, aí sim produziam bom resultado.

Lembrando que a semente é a Palavra de Deus e a planta que cresce são as pessoas que se convertem e passam a andar nos caminhos dele, a semeadura em solo ruim representa as pessoas não receptivas à mensagem do Evangelho. Resultado diferente acontece quando a pregação é feita para pessoas abertas ao Evangelho. 

Essa parábola foi usada por Jesus para tirar dúvidas quanto ao resultado do seu ministério. Nem sempre as pessoas se convertiam (Mateus capítulo 6, versículo 5). Muitas vezes havia descrença (João capítulo 6, versículo 60) e até inimizades foram geradas (Marcos capítulo 3, versículo 6). Mas muitas aceitaram o Evangelho e mudaram a história do mundo.

3. A consolidação do reino (parábolas do fermento e do grão de mostarda)
Essas parábolas responderam uma pergunta importante: será que as pessoas que Jesus convertia – pescadores, prostitutas, pobres, dentre outras – poderiam consolidar o reino de Deus? Ou seria preciso pregar para as elites econômica e religiosa?

A parábola do fermento enfatiza o poder transformador da Palavra de Deus: uma pequena quantidade de fermento leveda toda a massa. E massa aqui simboliza o povo, como em Romanos capítulo 11, versículo 6. 

Já a parábola da mostarda fala de uma semente muito pequena que cresce até virar uma enorme árvore. O ensinamento aí é que o potencial de crescimento do reino é gigantesco. Poucas pessoas, mesmo as mais simples, mas dedicadas realmente a difundir a Palavra podem causar um enorme impacto na sociedade. E foi exatamente isso que aconteceu na história do cristianismo.

4. Os perigos para o reino (parábolas do joio/trigo e da rede)
Uma plantação que mistura trigo (planta boa) e joio (ruim) corre risco. E como o joio venenoso é muito parecido com o trigo em grão, enquanto as plantas são pequenas, é difícil destruir as plantas ruins, sem danificar as boas. Por isso é necessário deixar as plantas crescerem para poder separar o joio do trigo.

O joio é o cristão não sincero e o trigo o crente verdadeiro. E olhados de fora, eles podem ser muito parecidos. Podem frequentar a mesma igreja e participar das mesmas cerimônias, comportando-se de forma muito semelhante.  Assim, a comunidade cristã nunca vai conseguir diferenciar bem um caso do outro. E se tentar, vai errar e cometer injustiças. Somente Deus, que conhece o interior das pessoas, consegue fazer isso.

Perceba também que o joio é poupado por causa do trigo. Ou seja, o lavrador poderia atear fogo à plantação e acabar com o joio, antes mesmo das plantas crescerem, mas aí mataria também as plantas boas. E por causa do trigo, ou seja, dos cristãos sinceros, que Deus tem paciência com as plantas ruins.

Jesus sabia que o joio se encontra em todo lugar – mesmo na sua pequena comunidade de discípulos não era homogênea na sua sinceridade (Mateus capítulo 7, versículos 21 a 23). E, quando a parábola foi contada, Judas ainda fazia parte do grupo de apóstolos.

A parábola da rede trata do mesmo tema, mas a imagem usada é outra: uma rede cheia de peixes. O mar (lago) da Galileia tinha 24 espécies de peixes, sendo que várias delas não podiam ser comidas pelos judeus (Levítico capítulo 11, versículo 10). Assim, o pescador lançava a rede e a arrastava para a margem. Somente quando chegava lá conseguia identificar os peixes que lhe interessavam.

Os peixes ruins têm o mesmo sentido do joio e os bons do trigo. A separação dos peixes na margem é como a separação das plantas na colheita. É o mesmo ensinamento.  

5. Por que podemos confiar? (parábolas do juiz iníquo e do amigo)
Na parábola do juiz iníquo, é contado o caso de uma viúva que procurou por um juiz incansavelmente, pedindo-lhe que julgasse sua causa. Como ela se dirigia ao juiz, e não ao tribuna,l devia ser um assunto de dinheiro, segundo os costumes da época. A viúva era pobre e não tinha como dar “presentes” para acelerar seu processo, assim só lhe restava incomodar o juiz. E ele só julgou sua causa logo para ficar livre da amolação.

Deus é o juiz e sua ação é movida pela perseverança da pessoa, gerada pela confiança (fé). Essa parábola foi dirigida a alguns discípulos que ficaram angustiados quando Jesus começou a contar sobre os sofrimentos pelos quais haveria de passar. A discussão entre os discípulos era sobre quem conseguiria se manter firme, daí a necessidade do ensinamento sobre a perseverança.

A outra parábola fala de um amigo que pede ajuda, já tarde da noite, quando todos estavam deitados. Ora, naquela época, a família dormia toda junta, num único cômodo, e atender o amigo que solicitava ajuda significava acordar todo mundo, inclusive as crianças pequenas, o que seria grande incômodo. Mas, ainda assim a ajuda foi fornecida, em atenção à necessidade do amigo.

O ensinamento está no final da parábola (Lucas capítulo 11, versículos 9 e 10):  quem pede, recebe; e quem bate tem, a porta aberta. Em outras palavras, Deus dá a quem tem fé e lhe pede.

Com carinho

Nenhum comentário:

Postar um comentário