quarta-feira, 4 de setembro de 2019

O JOGO DO EMPURRA

Você já ouviu falar do jogo do empurra? Ele é muito comum. Trata-se de empurrar a própria culpa para outra pessoa, para evitar enfrentar as consequências do que se fez. Vejamos um exemplo na Bíblia:
"... [Deus perguntou ao homem]: Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses? Então disse o homem: A mulher que me destes por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi. ... Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu comi." Gênesis capítulo 3, versículos 11 a 13 
Esse é um diálogo que está logo no começo do livro do Gênesis. Deus tinha dito para Adão e a Eva que poderiam fazer qualquer coisa, menos comer o fruto da "árvore do bem e do mal". Aí veio a serpente (Satanás) e tentou a mulher. Ela comeu e deu para Adão também comer. E aí começou a queda do ser humano.

É interessante perceber que quando Deus questionou Adão sobre sua culpa, o homem não assumiu o que tinha feito e lançou a responsabilidade sobre a mulher. Essa, ao ser questionada por Deus, por sua vez, culpou a serpente. A serpente não foi questionada, mas se tivesse sido, talvez tivesse culpado o homem ou devolvesse a bola para a mulher. Nasceu aí o jogo do empurra.

Essa é uma situação clássica que acontece toda hora no âmbito da família, da empresa e até da igreja. Ninguém quer ficar com a culpa por algo que saiu errado. E os esforços se concentram em jogar a responsabilidade para cima de outra pessoa ou mesmo atribuir o problema a uma circunstância fora do controle de todos.

E assim as pessoas vão encontrando formas de viver com seus erros e acalmando suas próprias consciências. Chegam atrasadas não porque saíram depois do horário devido, mas porque o trânsito estava ruim. Deixam de cumprir suas tarefas na igreja não porque lhes falte compromisso com o Reino de Deus, mas porque acham não ter tempo. Falam mal do próximo não porque são maledicentes, mas porque precisavam falar a verdade. E assim por diante.

Agora, o pior mesmo acontece quando as pessoas culpam Satanás pelo seu próprio pecado, como Eva fez. Eu costumo dizer que Satanás tem "ombros largos" e é culpado até pelo que não faz, embora certamente faça muita coisa ruim.

É claro que Satanás usa as fraquezas das pessoas para fazê-las cair em pecado - isso é da sua natureza. Mas são as pessoas que escolhem pecar, pois elas não são forçadas a fazer nada. Por isso a responsabilidade é sempre delas, aos olhos de Deus.

Todos nós erramos e fazemos escolhas ruins. Agora, se ao pecarmos, não formos capazes de reconhecer nossos próprios erros, se jogarmos a culpa do que fizermos nas outras pessoas, nas circunstâncias ou em Satanás, as coisas só vão piorar. E digo isso por três razões.

Primeiro, porque a atitude de negar o erro e de se esconder do malfeito, é prova de arrogância, o que desagrada a Deus. Ter humildade para reconhecer o próprio erro e pedir perdão a Deus são os primeiros passos para a redenção, pois, sem isso, não haverá perdão de Deus.

Depois, culpar outras pessoas ou circunstâncias pelos próprios erros é nocivo porque quem faz isso certamente vai repetir o erro. É simples assim. Tomar consciência do erro cometido é um poderoso antídoto para não repeti-lo.

E, finalmente, a tentativa de esconder o pecado pode nos levar a cometer outros pecados, como mentir ou lançar falso testemunho contra o próximo. Ou seja, o pecado inicial vira uma bola de neve, que vai rolando ladeira abaixo e crescendo sempre. 

O jogo do empurra é uma coisa muito perigosa para a vida espiritual de qualquer pessoa. Portanto, fuja disso. Reconheça o que você vier a fazer de errado, o quanto antes, peça perdão e lute para melhorar. É isso que agrada a Deus.

Com carinho

Um comentário:

  1. Vamos alargar um bocado as responsabilidades no tema deste publicação? Pode ser?
    E claro que podemos! Porque o contexto neste espaço, como já sabemos, é de inspiração bíblica, sempre! E Deus que eu saiba é omnisciente, no seu firme contexto bíblico não há como refutar o óbvio.

    “Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses?”. Ora bem, Deus que criou tudo - omnipotente - pôs aquela “árvore do bem e do mal” mesmo “à mão de semear” das ainda castas criações. Contou sobre a árvore a Adão e Eva e ordenou-lhes que não comesse dela. E agora o mais importante: Deus é omnisciente, sabe tudo, passado, presente e futuro. Então, Deus pôs ali “árvore do bem e do mal” conhecendo perfeitamente o futuro? Explique lá aos seus leitores, na sua interpretação, qual é a quota de responsabilidade, ou ausência dela, por parte do seu Deus cheio de atributos magnânimos nos pecados da sua criação.

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