domingo, 3 de novembro de 2019

O MEDO DA REJEIÇÃO

O medo da rejeição tem a ver com a percepção da falta de valor próprio. E é fácil explicar a razão: ninguém rejeita algo que tenha muito valor. Portanto, se alguém é rejeitado é porque implicitamente ele/a não tem valor. Não tem muita importância ou significado na sociedade. Discutir o medo da rejeição é, então, fazer uma discussão sobre o medo de não ter valor. O medo de evaporar e ninguém sentir falta.
Esse medo é uma constante na vida da maioria das pessoas. E é por causa dele que você se incomoda quando amigos ou parentes se esquecem de ligar no dia do seu aniversário, ou quando as pessoas se dirigem a você usando um nome errado. Pelas mesmas razões, ninguém gosta de ser tratado como “gado”, como fazem, por exemplo, as empresas aéreas e os call centers das grandes empresas.
As pessoas querem receber atenção e reforço positivo pelo que são e fazem. Por isso o elogio do chefe, do professor ou do pastor é tão importante. E é pela mesma razão que elas ficam excitadas quando recebem atenção de alguém famoso, como um grande esportista, um artista famoso ou um político de sucesso. Nessa situação, as pessoas tentam ligar, de alguma forma, sua identidade com a dessa pessoa importante, deixando sua insignificância para trás. O lema adotado nesses casos é: conecte-se com alguém especial e você se tornará especial também.

Mas, é comum as pessoas se sentirem sem valor, dispensáveis, portanto, fortes candidatas à rejeição. Afinal, elas trabalham em profissões pouco interessantes, moram em condições que não são boas, sofrem no transporte público e assim por diante.
O medo da rejeição e falta de valor tem consequências importantes na economia e na vida em sociedade. Por exemplo, ele está na raiz do marketing das empresas que vendem moda. Essas organizações sempre tentam passar a seguinte mensagem para seus consumidores em potencial: você é importante e não mais será rejeitado se vestir-se bem, usando os produtos da marca tal e qual.
O mesmo sentimento move boa parte dos esforços de benemerência. Os bilionários, quando percebem que sua vida vai acabar muito antes do seu dinheiro, criam fundações com seus nomes, onde procuram fazer coisas boas, tornando-se, aos olhos da opinião pública, pessoas socialmente responsáveis e cidadãos respeitáveis. Pela mesma razão, as pessoas gostam de ter seus nomes em ruas, praças e pontes, garantindo-lhes reconhecimento e certa imortalidade. E é também por isso que os artistas famosos são tão invejados: eles/as se tornam imortais pelas obras de arte que criam.
Embora frequentemente as pessoas se sintam sem importância, não é isso que Deus pensa a respeito delas. A Bíblia diz que você é valioso porque é criatura de Deus. Veja o que Jesus ensinou em Lucas 12:6-8:
Não se vendem cinco pardais por duas moedinhas? Contudo, nenhum deles é esquecido por Deus. Até os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados. Não tenham medo; vocês valem mais do que muitos pardais! "Eu lhes digo: quem me confessar diante dos homens, também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus.
Pardais não valiam nada naquela época - não tinham nenhum propósito aparente. Por isso eram vendidos de baciada, custando duas moedas de valor muito baixo. E ainda assim, conforme Jesus disse, nenhum pardal é esquecido por Deus. E muito menos ainda você é esquecido por Ele.
A percepção que você tem valor para Deus costuma mudar a vida e o comportamento das pessoas. John Bentley trabalha como missionário na China, na província de Henan. Ele descreveu a seguinte experiência que teve num orfanato de crianças surdas. Na China, essas crianças são rejeitadas pelos pais, pois são consideradas sem valor - nasceram “com defeito”.
O missionário, durante sua visita ao orfanato, leu para as crianças o livro escrito por um conhecido escritor cristão chamado Max Lucado, cujo título é “Você é especial”. Trata-se da história de um boneco de madeira, chamado Punchinello, que morava numa vila habitada por outros bonecos iguais a ele. O costume naquele lugar era pregar no corpo dos bonecos sinais indicando como seu desempenho. Estrelas indicavam a obtenção de resultados importantes e pontos de interrogação sinalizavam fracassos.

Punchinell tinha tantos pontos de interrogação pregados no seu corpo, que os outros bonecos lhe davam novos sinais desse tipo porque todo mundo imaginava que ele não tinha qualquer valor. Foi aí que Pulchinello encontrou Eli, o artesão que o tinha feito. E Eli lhe disse para não considerar os sinais presos ao seu corpo, pois eles apenas traduziam as opiniões dos outros. Justificou sua afirmação dizendo: “Eu fiz você e sou um artesão muito experiente e competente. Não cometo erros.” Quando o boneco ouviu isso, os pontos de interrogação pregados ao seu corpo começaram a cair e seu corpo ficou limpo de sinais.
Essa mensagem mudou a cabeça das crianças daquele orfanato. Veja o que o depoimento do missionário:
Num certo momento, todos começaram a chorar. E eu não podia entender essa reação…afinal, nós, americanos, estamos acostumados a receber reforço positivo. Aquelas crianças começaram a chorar porque entenderam que tinham valor, por terem sido feitas por um artesão maravilhoso, o próprio Deus. E com elas, os professores também choraram.”
Você tem valor sim e nunca deixe que outras pessoas duvidem disso. E não duvide desse valor. Até porque o medo da rejeição e falta de valor acaba gerando profecias que se cumprem sozinhas. Em outras palavras, esse medo faz com que a pessoa tome atitudes que acabam por gerar exatamente os resultados que temia.

Por exemplo, uma jovem que tem medo da rejeição pelo seu grupo social pode começar a fazer coisas que não gostaria de fazer, imaginando que assim vai ser aceita. Veste uma máscara, para esconder seu “eu” verdadeiro e se torna uma pessoa artificial. E as outras pessoas frequentemente acabam percebendo isso e não gostando do que veem e aí sim a rejeição se torna certa. Outro exemplo é o de um rapaz que vê à sua frente uma nova oportunidade na vida, mas acha que não é bom o suficiente para se apropriar dela, para torná-la realidade. E, por causa desse estado de espírito, acaba fracassando ao tentar explorar aquela chance.
Deus não rejeita você. Não importa quem você seja, seu aspecto físico e suas realizações. Ele lhe ama porque você é obra dele. Ele ama como o artista ama suas boas obras (Efésios 2:10):
Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que nós as praticássemos.
Portanto, você pode até ser rejeitado pelo mundo, por não se adequar aos padrões da sociedade e/ou por seguir ideias que pareçam quadradas ou estranhas para muita gente. Mas isso não importa. E se sua firmeza de propósito gerar rejeição, você pode se consolar lembrando que Jesus foi rejeitado pelos judeus. Paulo também passou por inúmeras rejeições ao longo do seu ministério.
E eles sabiam que seria assim mesmo. Sabiam que essa seria a coisa a esperar da sociedade ao seu redor, pois as coisas do cristianismo parecem loucura para o mundo. E o mesmo pode acontecer com você. Mas, você nunca será rejeitado por quem de fato importa: pelo seu criador.
Portanto, confie em Deus e deixe esse medo para trás.

Com carinho

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