sábado, 21 de dezembro de 2019

MARIA, MÃE DE JESUS

Por ocasião do Natal, nada mais apropriado do que falar dobre Maria, mãe de Jesus. É triste reconhecer que esse tema gera grande divisão entre os cristãos, ficando de um lado, os católicos e algumas outras denominações, e, do outro, os evangélicos/protestantes. Os primeiros tratam Maria com uma reverencia que frequentemente chega às raias da adoração. Os do outro lado quase nem falam dela, nem mesmo no Natal.
A causa da divergência
A Bíblia nos conta que Jesus tinha duas naturezas: uma divina e outra humana. E a divergência nasce da diferença de entendimento quanto ao papel de Maria.  
Os evangélicos/protestantes - entre os quais me incluo - entendem que Maria é mãe de Jesus, ou seja, teve um papel ativo e fundamental na gestação da natureza humana dele, mas nada tem a ver com sua natureza divina. A razão para isso é que Deus é eterno e, como tal, não poderia ter uma mãe humana. Já os católicos e outros entendem que Maria também é a mãe de Jesus enquanto Deus. E, naturalmente, desse pensamento decorrem toda uma série de doutrinas importantes. 

A Bíblia nunca se refere a Maria como mãe de Deus e sim como a mãe do homem Jesus, dando suporte à posição dos evangélicos/protestantes. Isso porque os ensinamentos que embasam a doutrina católica vem do chamado "magistério" da Igreja Católica, isto é, da doutrina que ela própria estabeleceu ao longo dos séculos de reflexão e ensino. E tais conceitos não são aceitos por outras denominações cristãs. Portanto, há um abismo separando essas duas visões do papel de Maria. 

Agora, meu objetivo aqui não é ficar esmiuçando as razões de cada lado, mas sim corrigir uma injustiça que os evangélicos/protestantes cometem com essa mulher especial: deixar de honrá-la como ela merece.

E é fácil comprovar o que acabei de falar. Se você frequenta cultos evangélicos/protestantes, tente se lembrar da última vez em que ouviu um sermão baseado na figura de Maria. Provavelmente muito poucas vezes, se é que você ouviu algum sermão assim.

Penso que esse descaso com  Maria está errado pois, se Deus escolheu essa mulher para ser a mãe de Jesus, ela não pode ter sido nada menos do que uma pessoa extraordinária.
Uma grande mulher
Para os padrões de hoje, Maria era apenas uma menina (tinha 14 ou 15 anos), quando recebeu a mensagem de Deus sobre sua gravidez de Jesus, através do anjo Gabriel. Maria estava noiva de José, mas ainda era virgem, portanto, aquela gravidez inesperada iria lhe trazer (como de fato trouxe) grandes problemas de aceitação na sociedade.
Maria vivia numa sociedade patriarcal, onde uma gravidez fora do casamento gerava um grande escândalo, e até colocava a integridade da mulher em risco. As punições a que ela estava sujeita eram bem severas e até poderiam levá-la à morte. Ao se ver inesperadamente grávida, sua única esperança seria José, seu noivo, aceitar e torna-se pai adotivo da criança sendo gestada. 

Imagine uma menina submetida a esse tipo de desafio. Era de se esperar que ela ficasse com medo e pedir a Deus para não passar por aquela experiência. Mas, ela tudo de maneira muito corajosa, pois, apesar da pouca idade, tinha uma fé inabalável. Veja a resposta que ela Deu ao anjo, quando soube da gravidez  (Lucas capítulo 1, versículos 46 a 55):
"A minha alma engrandece ao Senhor... Pois desde agora todas as gerações me considerarão bem-aventurada..."
Ao invés de olhar para os problemas à sua frente, Maria focou em Deus e se alegrou com a honra que lhe estava sendo dada, por ter sido escolhida como a mãe de Jesus.  

A Bíblia conta que José, ao saber da gravidez de Maria - uma má notícia para ele - e não querendo falar mal da noiva, decidiu se afastar dela sem muito alarde. Mas, um sonho o convenceu a reconhecer Jesus como seu filho (Mateus capítulo 1, versículos 18 a 25). E isso salvou tanto Maria, quanto o bebê.

Mesmo assim, Maria teve que aprender a conviver com a desconfiança da sociedade sobre a origem de Jesus. É por isso que, em várias passagens da Bíblia, Jesus foi chamado de "filho de Maria", título que somente era admissível numa situação onde o pai verdadeiro fosse desconhecido. Se houvesse certeza quanto à paternidade, Jesus teria sido sempre chamado de "filho de José".

Maria deu à luz a Jesus nas piores condições possíveis. A viagem que fez, já no final da sua gravidez, indo de Nazaré a Belém (mais de cem quilômetros), montada num burrico, através de estradas esburacadas, sentindo dores e desconforto, é um testemunho da coragem dessa mulher admirável. As circunstâncias do parto, que ocorreu num simples estábulo, também foram muito difíceis. E não deve ter sido fácil para ela deitar seu primeiro filho numa manjedoura, o local onde os animais comiam.

Maria passou o restante da sua vida sabendo que estava reservado para seu filho um destino especial, conforme o anjo lhe tinha revelado. Ela o acompanhou durante seu ministério e o viu passar dificuldades e ser perseguido pelos líderes religiosos judeus. E estava presente quando Jesus foi pregado numa cruz - seu coração certamente ficou partido ao ver o sofrimento do filho. Sem dúvida, ela pagou um preço muito alto por fazer a vontade de Deus.

Neste Natal, vamos todos nós, cristãos, não importa a denominação que seguimos, lembrar com carinho e grande consideração, aquela quase menina, que não hesitou em doar seu corpo para que Jesus viesse ao mundo. 

Com carinho

15 comentários:

  1. Sou católica e ver o respeito a Maria de um protestante foi surpreendente para mim, vivo rodeada de Testemunhas de Jeová e outras denominações que atacam minha Igreja e de forma particular a Mãe de Nosso Senhor. Seu testemunho inundou minha alma de grande felicidade. Já li outros seus artigos e seu blog é muito bom mesmo. Parabens por seu grande respeito as todas as Igrejas e a consideração que você tem por todos os irmãos dentro e fora da sua, afinal Cristo é o mesmo. Abraços fraternos.

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    1. Obrigado pelas suas palavras.

      Infelizmente muitos evangélicos tratam sim a Igreja Católica com desrespeito e isso é uma attitude não cristã.

      Divergências teológicas são normais e ocorrem entre todas as denominações cristãs. Mas é preciso debater de forma respeitosa, nunca tentando demonizar aquele(a) que pensa diferente.

      Mas gostaria de fazer um reparo. As Testemunhas de Jeová não são uma denominação crista. Sua Bíblia é diferente e Jesus para eles não tem o papel que assume no cristianismo. Eles parecem cristãos, mas não o são de fato.

      Um abraço
      Vinicius

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  2. Muito obrigada pelo respeito com que tratou a mãe de Jesus. Sou batizada na Igreja Católica mas hoje me considero cristã. Não frequento missas ou cultos, apenas células de oração de uma grande amiga evangélica, onde me sinto à vontade em meu momento atual. Mas não seguiria nenhuma denominação religiosa ou igreja que desrespeitasse Maria ou ignorasse seu importante papel. Ela foi uma mulher nobre, que passou por cima de uma sociedade extremamente machista para atender ao chamado de Deus. Isso é uma demonstração genuína de amor, e todo amor a Deus merece respeito e reconhecimento. Um abraço fraterno.

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  3. Apesar de duvidar da concepção e ressurreição de Jesus como homem, a minha fé continua sendo a mesma, considerando Jesus como salvador e Maria como uma santa virgem, afinal Jesus foi o seu primeiro filho, desta forma, respeito todas as doutrinas religiosas principalmente as menos preconceituosas.

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  4. Meu irmão em Cristo Jesus: Que a paz do Cristo esteja em sua vida e de toda a sua família. Obrigado pelo seu comentário.É preciso deixarmos de lado esse "fundamentalismo religioso' que tanto tem nos divididos entre irmãos católicos e irmãos protestantes. Não posso, em hipótese alguma, ser indiferente ao meu irmão pelo simples fato dele não pensar da mesma forma que eu. Maria não veio para dividir, mas sim juntar a rebanho do Senhor. Afinal, somos todos filhos do mesmo Pai. Um forte abraço do seu irmão em Cristo Jesus.

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  5. boa noite vinicios moura parabéns pelo o seu blog olha sou casada tenho 3 filhos meu marido me trai nao quero me separa nem ele amo ele amo minha familia amo meu casamento na cama nosso amor é intenso não consigo entender porque ele me trai as vezes chego a pensar sera se é porque não faço sexo igual certas amante que faz tudo para ter um homem sou muito religiosa mais meu marido nunca reclamou de nada na cama sofro calada com essa traiçao me ajude sofro calada me ajude por favor

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    1. Não é justo você se culpar por conta da traição do seu marido. O errado é ele e não você. Pode ter certeza que a traição não ocorre por qualquer falha sua, mas sim porque a maioria dos homens acha que tem direito de ser infiel. Entendem ser da natureza masculina buscar novidade, em termos de sexo, e aí se permitem agir dessa forma.

      O pior é que muitas mulheres fazem como você, buscando nelas mesmas, nas suas falhas, a explicação para o erro dos seus maridos.

      Penso que nenhum casamento pode funcionar bem dessa forma, onde um lado se julga no direito de ser infiel. Isso contraria o mandamento contra o adultério.

      Você deveria conversar com seu marido. Dizer a ele como se sente e que as atitudes dele colocam o casamento em risco - leve também em conta sua saúde, pois você não pode ter certeza que o sexo feito fora do casamento é seguro.

      Se a situação atual continuar, com o tempo você vai ter um enorme ressentimento. E a tendencia é seu casamento não acabar bem ou, no mínimo, você se tornar uma pessoa muito infeliz.

      É preciso que ele entenda que está errado e queira mudar seus caminhos. Isso é fundamental.

      Espero ter ajudado
      Vinicius

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    2. Olá Vinicius, parabéns pelo conteúdo! Sinto que possa me ajudar. Sou uma mulher cristã de 28 anos e 5 anos e meses de casada. E já passei por alguns. Momentos em que meu esposo me pediu a separação e eu sempre quiz continuar pela fé e por amor, mas diante do pedido atual estou mt dividida, ora penso que devo insistir de novo, ora penso que é melhor deixar-lo seguir o próprio caminho. Tenho minha parcela culpa, mas ele só consegue ver a separação como busca pra sua liberdade e paz. Ele também é cristão mas muitas vezes ele demonstra ser mais religioso, o que causa nossas diferenças, além de não ter tempo para o diálogo quando passa por problemas qualquer eu sofro junto com a frieza, falta de atenção, palavras de desamor. Não estou feliz com a ideia de separação, mas sinto que preciso deixa-lo ser feliz como ele quer. Deus te abençoe continuamente

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    3. Minha cara

      Obrigado pelas suas palavras. Vamos ver se consigo mesmo ajudar.

      Antes de tudo recomendo a você que leia o texto sobre o divórcio e o pecado que é um dos mais populares aqui no blog. Ali eu mostro a posição da Bíblia a respeito dessa questão.

      A questão que vem consumindo você é a decisão se deve ou não aceitar a vontade do seu marido e se separar. E você começou bem, reconhecendo também ter parte da culpa no fracasso da relação. Quem não faz isso e prefere jogar toda a culpa no(a) outro(a), acaba por nada aprender com a experiência que viveu e vai repetir seus erros.

      Agora, há uma lacuna no seu raciocínio: conhecer a vontade Deus. Você precisa saber qual é o plano dele para a vida de vocês dois.

      Muitos pastores defendem a tese que Deus sempre quer que o casal permaneça junto, mas na minha experiência isso não é verdade - há situações que são insustentáveis. A separação precisa acontecer.

      Eu não sei qual é o seu caso, mas Deus sabe. E você precisa consultá-lo antes de decidir. Pode fazer isso orando e conversando com algum líder espiritual que seja da sua confiança e tenha um pensamento alinhado com o seu.

      Entendido o que Deus quer, vai ficar muito mais fácil você tomar seu caminho. Se Deus quiser vocês juntos, diga isso para seu marido. Ele pode não aceitar e aí o problema fica com ele. Ou pode mudar de pensamento e lutar junto com você pelo casamento.

      Se a posição de Deus for pelo oposto, você poderá aceitar a separação sem qualquer dúvida, pois estará fazendo o melhor. E seguirá adiante com as bençãos de Deus.

      Abs
      Vinicius

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  6. Parabéns pelo conteúdo. Muito pertinente aos dias de hoje, onde pessoas acabam discutindo e se desgastando. Sou cristão, acredito que Maria foi virtuosa pela missão que foi concedida a ela. Ela mesmo se coloca como serva do Senhor em Lucas 1:38

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  7. Quão grande foi a minha surpresa e alegria encontrar um artigo de tamanha sensibilidade e amor! Sou evangélica recém convertida e meu coração se encheu de alegria ao ler essas palavras. Maria com certeza merece respeito sim! Pois como vários heróis da fé da biblia sagrada ela também foi escolhida por Deus para gerar o nosso redentor!
    Parabens pelo seu blog Vinícius e que o Senhor continue te usando para trazer tanta luz e paz através de suas palavras.
    Patrícia

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  8. Acho engraçado a história de Maria, se você considerar só o lado esquerdo do nosso cérebro o lógico a lógica é óbvia e gritante, Maria traiu José e pela lei deveria ser apedrejada, inventaram toda a história de filho de deus para encobrir tal fato e salvar Maria.

    Basicamente Maria é uma adultera a não ser que prefiram acreditar em magica.

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    1. Meu caro Allan

      A tese que você defende - Maria teria ficado grávida por ter sido infiel a José- não é nova. Os judeus já falavam algo parecido cerca de 1.500 anos atrás - o Talmude, coleção de escritos rabínicos, fala que Jesus foi o fruto de um estupro que Maria sofreu, praticado por um soldado romano chamado "Panthera".

      Mas as evidencias contra a tese de Maria ter sido infiel ou estuprada são muito fortes e tanto é assim que hoje nenhum historiador importante - mesmo aqueles que são contra o cristianismo - defende mais essa linha de pensamento.

      E as razões para isso são várias, especialmente o comportamento de José. Ele era um judeu cumpridor da lei, conforme a Bíblia deixa claro e o comportamento esperado de um judeu, no caso do adultério ou estupro, era denunciar a mulher e, se fosse o caso (p. ex. infidelidade), pedir sua punição. Você não deve se esquecer que a pureza de sangue era uma coisa muito importante para os judeus e seria inadmissível a aceitação de um bastardo em condições normais.

      Mas, Jesus cresceu como filho legítimo de José e assim foi considerado pelos seus amigos e conhecidos.

      Não era possível que Maria tivesse cometido adultério ou tivesse sido estuprada sem José saber. Na época em que ela ficou grávida ainda era noiva de José e não poderia ter tido relações com ele. E José sabia disso, como a Bíblia deixa bem claro.

      Sendo assim, para que Maria não fosse punida, não tendo havido estupro, José precisaria reconhecer publicamente que tinha tido relações com ela durante o período de noivado e ser a criança sua (foi isso que aconteceu).

      Em outras palavras, José teria que participar ativamente da solução do problema e é por isso que a Bíblia relata ter havido uma comunicação de Deus com José para convencê-lo a aceitar a criança, mesmo sem ser seu filho e José só concordou pela orientação ter vindo de Deus.

      Concluindo, não há suporte histórico, dadas as evidencias, que Jesus tenha sido fruto de uma infidelidade ou estupro.

      Você pode até não acreditar na sua concepção divina, por não ser cristão. Sem dúvida essa crença cristã é uma questão de fé e não pode ser historicamente provada. Mas você vai precisar explicar a existência de Jesus de outra forma que não por um adultério de Maria.

      Abs

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