sábado, 9 de maio de 2020

O USO DE SÍMBOLOS


O uso de símbolos é uma das coisas que diferencia o ser humano dos demais animais. Por exemplo, todos os animais se alimentam, mas apenas seres humanos fazem refeições à luz de velas, com música ambiente, para criar um clima romântico. Animais alimentam-se exclusivamente para matar a fome, mas os humanos,  frequentemente, dão ao ato de comer um significado simbólico importante. 

Estudos sociológicos demonstraram que os símbolos ajudam a dar sentido à vida humana. Por exemplo, eles ajudam a criar um sentido de identidade - por exemplo, bandeiras nacionais são muito mais do que simples pedaços de pano coloridos, já que representam nações.
E é interessante perceber que Deus fez um grande uso dos símbolos para tornar sua relação com os seres humanos mais concreta. Isso porque Ele sabia que não é fácil para as pessoas se relacionarem de forma próxima com um Ser invisível. 
Alguns símbolos que Deus estabeleceu
Há símbolos estabelecidos por Deus tanto no Velho Testamento, como no Novo Testamento, O primeiro grupo é mais voltado para o povo de Israel, enquanto o segundo grupo é voltado para os seguidores de Cristo.  
Vou citar três exemplos no Velho Testamento. O primeiro deles é o arco-iris, que simboliza o compromisso de Deus de não mais destruir o mundo através de um dilúvio (Gênesis capítulo 9, versículos 12 a 17).

O segundo símbolo é a Arca da Aliança - uma pequena urna, de cerca de 1 metro comprimento por meio metro de largura, feita de madeira, coberta por placas de ouro. Ela simbolizava a presença de Deus em meio ao povo de Israel (Êxodo capítulo 25, versículos 10 a 16).

O terceiro símbolo é a ceia da Páscoa (Êxodo capítulo 12, versículos 1 a 28), cerimônia na qual cada família judaica come um cordeiro assado, acompanhado de ervas amargas e pães sem fermento, simbolizando a libertação de Israel do cativeiro no Egito, depois das dez pragas. 

No Novo Testamento, Jesus estabeleceu a Santa Ceia como um símbolo do seu sacrifício em prol da salvação da humanidade: O pão representa seu corpo e o vinho seu sangue. E Ele nos ordenou tomar a Santa Ceia regularmente para nos lembrarmos sempre desse sacrifício (Mateus capítulo 26, versículos 26 a 29).

Já o batismo simboliza a morte de quem se converte para a velha vida, dominada pelo pecado, e o nascimento de nova existência, em Jesus Cristo (Atos dos Apóstolos capítulo, versículos 37 a 41). 
Outros símbolos cristãos
Agora, nem todos os símbolos cristãos normalmente usados por nós foram estabelecidos diretamente por Deus. Ao longo da história, os líderes cristãos perceberam a importância desse tipo de recurso e estabeleceram alguns símbolos, como a cruz vazia, que identificam o cristianismo em qualquer lugar do mundo. 
No início da sua história, o cristianismo era simbolizado pelo peixe, lembrando o chamado de Jesus para sermos pescadores de seres  humanos. 

A chama passou a simbolizar o Espírito Santo, por conta do dia do Pentecostes, quando o Espírito se manifestou como pequenas chamas pousadas sobre a cabeça das pessoas (Atos dos Apóstolos capítulo 2, versículos de 1 a 13). Também é muito comum simbolizar o Espírito Santo como uma pomba, lembrando que um pássaro desse tipo apareceu no momento do batismo de Jesus (Lucas capítulo 3, versículos 21 e 22).
O problema com os símbolos
Conforme já disse, símbolos são coisas muito importantes e geram grande impacto sobre as pessoas. O problema é que eles são, muitas vezes, abusados.
A primeira forma de abuso é a instituição de símbolos indevidos. Por exemplo, as relíquias humanas - línguas, pedaços de ossos, cabelos - atribuídas a santos, veneradas pela Igreja Católica. Não me parece que tais itens sejam símbolos saudáveis da vida de pessoas santas e da fé cristã.
A segunda forma de abuso é a atribuição aos símbolos de um papel que eles não podem ter. Muitas vezes as pessoas são levadas a considerar símbolos como coisas sagradas, quando não são. Tal tipo de postura pode levar à idolatria, coisa que a Bíblia expressamente condena. 
Aliás, Deus demonstrou preocupação com essa possibilidade, segundo conta a Bíblia. Por exemplo, Ele orientou o rei Ezequias que  destruísse a serpente de bronze, feita por instrução do próprio Deus, dada a Moisés, para imunizar os judeus contra picadas de cobra, durante a jornada do povo pelo deserto do Sinai. Aquele artefato tinha virado uma relíquia adorada pelos judeus. Pela mesma razão, Deus nunca revelou o local onde Moisés foi enterrado (Deuteronômio capítulo 34, versículos 5 e 6).

A terceira forma de abuso dos símbolos é seu uso visando obter poder ou tirar vantagens indevidas. Por exemplo, o governador romano da Judeia, na época de Jesus, mantinha sequestrado a vestimenta cerimonial que o sumo-sacerdote judeu precisava usar quando dirigia determinadas cerimônias, como o Dia do Perdão. Com isso, o governador garantia a obediência dos líderes religiosos judeus. 

Interesses financeiros escusos também podem gerar esse tipo de abuso. Por exemplo, ainda na época de Jesus, os principais sacerdotes judeus cobravam uma taxa anual de todo homem judeu adulto para garantir-lhes acesso ao Templo de Jerusalém, o centro simbólico da religião judaica.  

E continuamos a ver o mau uso dos símbolos cristãos hoje em dia. Por exemplo, na imposição de restrições indevidas para que as pessoas recebam os sacramentos (batismo ou ceia) ou na venda de relíquias sem sentido (por exemplo, água "miraculosa" do rio Jordão ou óleo "ungido" por essa ou aquela pessoa). 
Palavras finais
Precisamos de símbolos para ajudar a estabelecer nossa identidade, para encontrar sentido no mundo que nos cerca e, especialmente, para nos sentirmos mais próximos de Deus. 
Símbolos, quando bem usados, são muito importantes - na verdade, não podemos viver sem eles. E o próprio Deus recorreu com frequência a eles.

O perigo mora no abuso dos símbolos, para gerar situações de poder, para adquirir vantagens pessoais indevidas ou para controlar coisas ditas sagradas. Portanto, muito cuidado com isso. 

Veja mais sobre esse tema aqui.
Com carinho

Nenhum comentário:

Postar um comentário