segunda-feira, 14 de setembro de 2020

COMIDA ENVENENADA

 O tema de hoje é comida envenenada. E isso tem a haver com as chamadas fake news e outras informações inverídicas que circulam pelas redes sociais.

A Internet trouxe muitas coisas boas para nossa civilização, mas também muitas coisas ruins, como o fácil acesso a pornografia. E uma das piores contribuições da Internet e das redes sociais é a disseminação de informações falsas, como notícias, pensamentos, comentários, etc.

Outro dia recebi de um amigo uma mensagem “linda” atribuída a Nelson Mandela, pessoa que muito admiro por sua capacidade de perdoar e pacificar a África do Sul. A mensagem atribuída a Mandela dizia mais ou menos o seguinte: “O nosso maior medo não é o de sermos inadequados e sim o de sermos poderosos, acima de qualquer medida. É nossa luz e não nossa escuridão que mais nos amedronta... À medida que sejamos liberados do medo, nossa presença automaticamente libera os outros.”

Fui verificar a autenticidade do texto – esse é um lado bom da Internet - e acabei achando a verdadeira autora dessa citação: ele pertence a uma guru da autoajuda: Marianne Williamson. Ou seja, alguém pegou deliberadamente o texto dessa escritora e o “embalou” como se fosse de Nelson Mandela, para ganhar mais penetração e credibilidade.

O problema é que muitas pessoas de boa fé acreditam nessas mensagens falsas e as reproduzem sem verificar a autenticidade. E sem perceber que, ao circular esse tipo de coisa, atribuem a ela o “selo” da sua própria credibilidade. 

Tempos atrás, depois das inundações da região serrana do Rio de Janeiro, uma pessoa cristã, e bem intencionada, repassou, num blog de discussões do qual eu participava, um texto atribuído a uma autoridade sanitária internacional, dizendo que tinham morrido muito mais pessoas do que o governo estadual havia reconhecido e que haveria uma epidemia na região, por causa dos cadáveres insepultos. Seis meses depois, como nada disso tinha acontecido, cobrei no mesmo blog, a responsabilidade da pessoa que tinha divulgado o texto falso.

Ela se defendeu dizendo que foi um texto que tinha recebido de um corretor de imóveis, do seu conhecimento e simplesmente repassou. E não percebeu que, ao repassar um texto falso, sem o verificar, também tinha colaborado para o clima de pânico que se instalou na opinião pública naquela oportunidade. 

Pensamentos falsos atribuídos a Jesus causam ainda mais estrago pelo prestígio que Jesus goza junto à opinião pública. E, infelizmente, a Internet está cheia desse tipo de textos também. Aliás, o fenômeno de atribuir pensamentos falsos a Jesus e seus apóstolos não é novo. Nos primeiros cem anos de vida da igreja cristão, muitas pessoas escreveram Evangelhos e os atribuíram a Pedro, Maria Madalena, Tiago e outras pessoas de prestígio no meio cristão. Pura comida envenenada.

Esses textos são hoje conhecidos como Evangelhos Apócrifos. O mais recente e famoso deles é o tal Evangelho de Tiago, que muitos estudiosos chegam a atribuir a mesma importância que dão aos quatro evangelhos canônicos (Mateus, Marcos, Lucas e João).

Os relatos dos Evangelhos Apócrifos, tais como os textos falsos existentes sobre Jesus na Internet, têm as coisas mais absurdas. Por  exemplo, um deles fala sobre Jesus ainda criança fazendo milagres para punir outras crianças que tinham lançado ironias contra Ele.

Tome cuidado com mensagens que você receber, especialmente aquelas que dizem conter pensamentos de Jesus. Muitas vezes se trata de comida envenenada, que pode desviar você do caminho certo. E lembre-se que, se você repassá-los para alguém, sem verificar a autenticidade, está colaborando para espalhar uma ideia ruim e que pode causar mal a outras pessoas menos avisadas.

Se tiver dúvidas quanto ao conteúdo de uma mensagem, faça uma pesquisa na própria Internet para verificar sua autenticidade. Se não conseguir respostas claras, fale com seu pastor ou com alguém da sua igreja que conheça melhor a Bíblia do que você. Pode também escrever para mim, que eu responderei com prazer. Portanto, tome cuidado para não se deixar “envenenar” ou colaborar, sem perceber, para prejudicar os outros.

Com carinho

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