quinta-feira, 10 de setembro de 2020

UM CARRO REBOCADO

 Vou falar hoje sobre a lição que aprendi ao ter um carro rebocado. Durante alguns anos, a família da minha mulher se reuniu em Campos de Jordão durante as festas de fim de ano. Foram oportunidades maravilhosas de estar com a família toda, sem preocupações, comendo bem, dormindo melhor ainda e relaxando das lutas da vida diária.

No ano de 2012, éramos 14 pessoas, entre adultos e crianças, durante a passagem de ano.  Ficamos em Campos de Jordão por 4 dias e tudo correu maravilhosamente bem. Exceto na viagem de volta, quando meu carro teve uma pane geral no câmbio automático e acabamos chegando em casa de reboque. 

Uns dias depois, fazendo nossa devocional diária, minha mulher e eu chegamos a uma conclusão chocante: Durante o período em que tudo estava bem conosco, em Campos de Jordão, nosso relacionamento com Deus foi reduzido a um mínimo. Ficou limitado a uma simples oração pela manhã, que, para ser sincero, era meio burocrática. Na volta, quando paramos na estrada e as coisas começaram a ficar feias – medo de assalto, de desastre, etc –, imediatamente nos lembramos de Deus. Minha mulher começou a orar e pedir ajuda. E a ajuda veio, pois tivemos o carro rebocado para um posto de gasolina e, depois, a seguradora tomou conta de tudo até chegarmos a São Paulo. 

Nossa experiência, naquela oportunidade, reproduziu a história da relação do ser humano com Deus. Quando tudo está bem, geralmente as pessoas minimizam a presença de Deus em suas vidas, para voltar a se lembrar dele quando as coisas começam a ficar feias. Ou seja, as boas circunstâncias – saúde, boa situação financeira, vida em família ajustada, etc – tendem a levar as pessoas a aproveitar a vida e deixar Deus em segundo plano.

Minha experiência pessoal, com um carro rebocado, mostrou como é fácil perder o foco espiritual. E Deus me perdoe pelo que fiz naquela oportunidade.

Algumas pessoas conseguem de fato manter Deus como prioridade nas suas vidas, mesmo quando tudo vai bem. Mas, infelizmente são poucas e eu, confesso, certamente ainda estou lutando para ser uma delas. 

Há duas reflexões que eu gostaria de fazer com base no que já foi dito acima. A primeira delas é o fato da maioria das pessoas não escolher curtir sua alegria com Deus. Afinal, se elas tiverem um momento bom, seria de esperar querer dividi-lo com quem amam, no caso Deus. Mas, não é assim que acontece na prática. As pessoas preferem curtir seus bons momentos viajando, indo a festas, fazendo um churrasco em casa, enfim fugindo da rotina. Poucas vezes ouvir alguém dizer que iria curtir seus momentos alegres ajudando os pobres ou louvando a Deus. E isso coloca em dúvida o amor real das pessoas por Deus. 

A segunda reflexão tem a ver com a misericórdia de Deus. Se as pessoas se afastam de Deus nos momentos bons e Ele anseia por estar perto de nós - como a Bíblia mesmo afirma - não seria de estranhar que Deus permitisse que a vida das pessoas estivesse sempre carregada de problemas. O fato de isto não acontecer, prova como Deus é misericordioso. Ele entende nossas fraquezas e espera pacientemente que as pessoas aprendam suas lições, por  si mesmas – como eu espero tenha acontecido comigo, depois do evento que descrevi. 

Acho que já ficou claro que a escolha de Deus como prioridade e a manutenção dessa prioridade ao longo da vida não é algo simples de conseguir fazer. Trata-se de um exercício diário de persistência e humildade. Mas, foi isto que Jesus fez e ensinou seus seguidores a fazer também.

Com carinho

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