sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

AS HERESIAS MAIS COMUNS

Heresias são conceitos teológicos que fogem da doutrina considerada correta (ortodoxia). Em outras palavras, heresias são interpretações da doutrina cristã que fogem daquilo que é o entendimento geral do que seja certo de acordo com o ensinamento da Bíblia. Por exemplo, dizer que Jesus não é o salvador da humanidade é uma heresia, pois foge do entendimento geral dentro do cristianismo.

Heresias são perigosas porque levam as pessoas a uma fé confusa e geram aplicações práticas distorcidas. Portanto, elas precisam ser combatidas. Antigamente, eram combatidas a "ferro e fogo", até com punições físicas - pessoas foram até queimadas - o que é um absurdo. Heresias são ideias e precisam ser combatidas somente com outras ideias. 

A conhecida revista "Christianity Today" certa vez fez uma pesquisa sobre as heresias mais comuns no meio evangélico. É claro que essa pesquisa se refere aos Estados Unidos, mas achei interessante trazer esses dados por que muitas dessas heresias são fortes também no Brasil.

Todas essas heresias geraram controvérsias teológicas cerca de trezentos anos depois do nascimento da igreja cristã. Naquela época a Igreja ainda não tinha se dividido em várias denominações (Católica, Ortodoxa e denominações evangélicas). Essas dúvidas geraram muito debate e quase dividiram a igreja cristã, o que acabou acontecendo depois, por razões bem diferentes.

Já foram encontradas respostas teológicas verdadeiramente bíblicas para todas essas heresias. Mas, ainda assim as ideias erradas permanecem vivas - eu encontro esse tipo de argumentação a toda hora.
Por limitação de espaço vou me limitar a discutir as quatro heresias mais comuns, segundo a pesquisa que citei. E, por coincidência, todas quatro se referem à Trindade Santa (Pai, Filho e Espírito Santo). Isso significa que as pessoas têm muita dificuldade para entender um Deus único, composto de três diferentes pessoas. Vamos a elas:

Heresia 1: Deus Pai é mais divino do que o Filho (Jesus).
Heresia 2: Jesus foi o primeiro Ser criado por Deus Pai.
Heresia 3: O Espírito Santo não é uma pessoa e sim uma força.
Heresia 4: O Espírito Santo é menos divino do que o Pai e o Filho.
A discussão histórica
As dúvidas sobre a natureza de Jesus nasceram da análise de expressões bíblicas como “unigênito” (João capítulo 3 versículo 16) e “o primogênito de toda a criação” (Colossenses capítulo 1 versículo 15).
No século IV, um padre chamado Arius declarou: “Se o Pai gerou o Filho, então aquele que foi gerado teve um início … Portanto, houve um momento que o Filho não existia...”. Em outras palavras, para Arius, Deus Pai seria maior do que Deus Filho.

Essa análise ganhou suporte entre muitos líderes religiosos da época, mas também enfrentou grande oposição, liderada pelo bispo de Alexandria, Atanásio. Os que se opuseram ao chamado arianismo alegaram que sua interpretação negava a divindade plena de Jesus.

A questão somente foi resolvida em alguns Concílios de bispos da igreja cristã, convocados com esse objetivo. O primeiro Concílio aconteceu no ano de 325, na cidade de Niceia. Cerca de 300 bispos rejeitaram o arianismo e reafirmaram que Jesus têm a mesma natureza que Deus Pai - sendo, portanto, não criado.

Mas, foi preciso mais um Concílio, o de Constantinopla, em 381, para por fim às dúvidas. Ali foi aprovado como doutrina oficial da Igreja Cristã (que todas as denominações atuais aceitam) o chamado Credo de Niceia, estabelecendo expressamente que o Filho é da mesma natureza que o Pai.

A confusão sobre a natureza do Espírito Santo começou quando alguns começaram a defender a tese que Ele não era uma pessoa com raciocínio e vontades próprias, mas simplesmente uma força (ou poder). Assim, Ele teria natureza diferente de Deus Pai e Filho. A palavra usada para descrever o Espírito Santo no hebraico - Ruach, que quer dizer vento - parecia dar apoio a essa interpretação.

No Concílio de Constantinopla, já citado, os 150 bispos reunidos reafirmaram que o Espírito Santo tinha a mesma natureza de Deus Pai e Filho e era uma pessoa, com raciocínio e vontade próprias.

Ficou reafirmada assim a doutrina da Trindade: as três pessoas da Trindade merecem a mesma honra e detém co-soberania. Oficialmente, as controvérsias para essas questões ficaram então encerradas.
As razões teológicas
Esses Concílios não tomaram tais decisões por mero capricho ou por pressões políticas, como alguns críticos do cristianismo gostam de afirmar. Havia argumentos teológicos muito fortes para tomar as decisões que foram estabelecidas naqueles Concílios. Resumo, a seguir, os principais argumentos usados.
E começo por discutir a controvérsia relacionada com Jesus Cristo. Se Ele tivesse sido criado, como Arius propôs, teria natureza limitada e não seria divino, pelo menos não da mesma forma que Deus Pai o é. Mas, se Jesus não fosse divino, seu sacrifício não teria o alcance que teve, o que destruiria toda a doutrina da salvação.
Jesus morreu pelos pecados de todos os seres humanos e seu sacrifício é válido tanto para aqueles que viveram antes dele (aqueles que viveram esperando a vinda do Messias), para os que conviveram com Ele na terra (por exemplo, seus apóstolos), como também para nós, que viemos depois dele. Em outras palavras, o sacrifício de Jesus não tem limites.

Quanto aos termos bíblicos que parecem indicar que Jesus foi criado por Deus, precisamos entender as afirmações bíblicas como formas simplificadas de explicar uma verdade muito complexa. É pela mesma razão que a Bíblia fala dos "braços" ou dos "olhos" de Deus Pai, embora Ele seja um Ser incorpóreo.

As declarações que parecem indicar que o Filho foi criado, na verdade, procuram explicar o relacionamento do Pai com o Filho - os próprios termos "Pai" e "Filho" apontam para a tentativa de usar conceitos humanos para explicar essa realidade complexa.

Podemos entender o fato de Jesus ser o único filho gerado pelo Pai como a relação que existe entre o sol e sua luz. A luz do sol é continuamente emitida pelo sol e nunca houve um momento em que essa estrela não tivesse emitido luz. É nesse sentido que Jesus é o Filho gerado por Deus Pai.

Quanto ao Espírito Santo, a Bíblia é clara ao dizer que Ele intercede por nós junto ao Pai, assim precisa obrigatoriamente ter raciocínio e vontade. Se fosse apenas uma força - um "vento divino" - não poderia fazer nada disso. Afinal, forças da natureza não intercedem pelas pessoas.

Além disso, Jesus disse, pouco antes de voltar para junto do Pai, que o Espírito Santo viria substitui-lo junto à humanidade (João capítulo 14, versículos 16 e 17). Uma simples força não poderia substituir Jesus, que orientou e ensinou as pessoas a seguirem caminhos que agradam a Deus.

Finalmente, a Bíblia ensina que devemos batizar as pessoas no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mateus capítulo 28, versículo 19). Isso indica claramente que estamos falando de três realidades que têm o mesmo significado e importância.

Com carinho

Um comentário:

  1. se entedencemos quem e o pai o filho e o espirito santo ,seriamos todos batizados em nome de Jesus.

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