sábado, 29 de julho de 2017

O DIA EM QUE EU QUASE ME AFOGUEI...

O que vou contar a seguir aconteceu comigo quando eu tinha apenas dez anos. Era um sábado de sol, no Rio de Janeiro, cidade onde morava. E fui, com minhas irmãs, à piscina do Fluminense, clube que frequentava.

O clube tinha uma piscina olímpica - 50 m de comprimento e mais de 2 m de profundidade (na sua maior parte) – que somente deveria ser usada por quem sabia nadar ou usava boia. Eu não sabia nadar, mas, na minha arrogância juvenil, pensava que sabia. E, como boia era coisa para crianças pequenas, também não usava esse tipo de proteção.

Resolvi atravessar a piscina, coisa que estava além da minha capacidade, pois queria mostrar para todo mundo que podia. No começo, tudo foi fácil, mas quando cheguei no meio do caminho, cansei. E as forças me faltaram rapidamente. Lembro-me, como se fosse hoje, da água entrando pela minha boca e do desespero que comecei a sentir.

Aí, um rapaz mais velho, chamado Paulinho (nunca esqueci o nome), que conhecia apenas de vista, me segurou e me impediu de afundar. Ele me disse que tinha percebido minha dificuldade e resolveu intervir.

Ali, eu adquiri um respeito muito grande pela água e nunca mais corri esse tipo de risco. E um ano depois, aprendi a nadar de fato, quando entrei para o grupo de natação do Fluminense.

Só recentemente eu refleti com profundidade sobre o significado espiritual daquela experiência que vivi tantos anos atrás. E três coisas me chamaram atenção. A primeira é que normalmente se afoga quem pensa que sabe nadar. Quem tem consciência da sua incapacidade nessa área, não se expõe a situações de risco na água. Mas, quem acha que pode, e de fato não pode, arrisca-se sem ter condições de enfrentar a situação, como aconteceu comigo.

O mesmo ocorre na vida espiritual. Quem acha que já é suficientemente bom(boa), já está garantido(a), corre enorme risco. As igrejas estão cheias de pessoas que vão lá domingo após domingo, mas não vivem de fato o cristianismo. Não mudam sua vida – como diz a Bíblia, são “árvores que não dão frutos”. E como Jesus alertou, esse tipo de árvore só serve para ser cortada e lançada fora (Mateus capítulo 7, versículo 19).

Ter conhecimento real da própria condição - saber-se pecador(a), imperfeito(a) e carente da misericórdia de Deus – é fundamental. É essa humildade que aproxima a pessoa de Deus e a torna mais sensível aos ensinamentos da Bíblia. Quem pensa ser melhor do que é de fato, é igual a quem entra numa piscina funda e comprida, sem saber nadar, mas achando que sabe...

O segundo ensinamento que minha experiência na piscina do Fluminense me trouxe é que Deus age quando a gente nem espera. Quando eu comecei a me afogar, nem deu tempo de pedir ajuda. Foi tudo muito rápido. Mas Deus estava atento e usou aquele rapaz para me socorrer.

Sem Deus, nada somos - nossa vida é como um sopro e pode se apagar em segundos. Nossa dependência do Criador é total. E devemos ser sempre gratos(as) a Ele por isso.

O terceiro ensinamento ter a ver com a percepção que Deus me deu uma nova oportunidade e não posso desperdiçá-la. Confesso que durante muito tempo não tive essa percepção e muitas vezes não conduzi minha vida na direção que agradava a Deus. Foi preciso novos ensinamentos – outros momentos de sofrimento - para que eu entendesse mesmo a importância de usar bem a nova chance que Deus me deu. É o que tento fazer, embora sei que ainda estou aquém daquilo que Deus espera de mim – pelo menos, estou tentando.

As situações do nosso dia-a-dia podem nos ensinar muito, se adquirimos o hábito de refletir sobre o que aconteceu, com “olhos de ver”, como diz a Bíblia, e tirarmos as lições necessárias.

Com carinho

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